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Após ficar 28 anos à frente de programas de entrevista, foi a vez de Jô Soares sentar do outro lado da bancada para assumir o papel do entrevistado. O "gordo" participou de uma conversa de duas horas com o humorista Fábio Porchat e mostrou que continua afiado, falando de temas como seu afastamento da TV, a época da ditadura, Silvio Santos, o "politicamente correto", entre outros assuntos.
A primeira parte da entrevista dada ao "Programa do Porchat", da TV Record, dívida em duas partes, foi exibida na noite de quarta-feira (a outra vai ao ar nesta quinta). Emocionado, Porchat relembrou no início do programa que foi revelado ao se apresentar de forma espontânea no Programa do Jô, na TV Globo. "Mandei um texto e o Jô me chamou para falar no palco. Aquilo mudou minha carreira”, contou. Aos 80 anos, e afastado da TV desde 2016, Jô afirmou que não sente saudade de trabalhar em frente às câmeras. "Seu eu sentisse falta, teria como continuar", afirmou.
No fim do ano passado, ele também deu uma entrevista a Pedro Bial, onde falou de sua autobiografia e se emocionou ao relembrar o filho Rafael, morto em 2014. Falando sobre seus anos a frente de talk-shows, Jô falou sobre o único personagem que, em quase três décadas de TV, sempre lhe negou uma entrevista: Silvio Santos.
"Ele contou que um dia encontrou com uma cigana na Disney, e ela afirmou que ele morreria se desse entrevista para alguém... é claro que é mentira", disse. Ao falar sobre sua autobiografia, relembrou a época da ditadura militar. Disse que os artistas viviam em estado de "medo" constante. O ator contou que durante o regime, chegou a ficar armado com "paus" em frente ao Teatro Oficina para tentar fazer a "segurança" do espetáculo.
"São maluquices que se pensa quando surge uma coisa tão irracional quanto a ditadura", disse Jô Soares "E hoje, não é possível que acreditem que a ditadura seja a solução". Mas tratando de um tema sempre presente nas discussões atuais, o apresentador criticou o "politicamente correto" no humor. "Acho uma bobagem que não tem tamanho", afirmou Jô. "Sobretudo, porque esse momento politicamente correto, hoje é um, e amanhã será outro".
O Globo
